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"IMPRENSA É OPOSIÇÃO. O RESTO É ARMAZÉM DE SECOS E MOLHADOS". MILLÔR FERNANDES

4 de abril de 2012

O Sacristão Bebé e os anuncio no alto falante da Igreja Matriz...



Não poderia deixar de lembrar de fatos interessantes que ocorreram em nossa cidade de Itabaiana eu recordei agora da voz do sacristão mais antigo da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, o grande bebé que tanto tempo trabalhou na igreja matriz como sacristão e zelador, bebé era também o responsável  pela locução das notas de  falecimentos da cidade através do alto falante da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição.
 A cidade inteira parava para ouvir a voz inconfundível do sacristão, pois algo teria acontecido com alguém e ele era o responsável pelo o anuncio pela a comunicação dos falecimentos da cidade,  para que os parentes e amigos do falecido soubessem do ocorrido, na cidade de Itabaiana não tinha ninguém melhor que bebé para fazer este comunicado, eu por diversas vezes ouvir bebé
 divulgar no alto falante da igreja matriz as notas de falecimentos, os convites para missa de sétimo dia, aniversario de morte e convite para missas, terço e as novenas na igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, o saudoso bebé se tornou um mito na cidade de Itabaiana com sua voz inconfundível e os anuncio feito no alto falante da igreja do seu jeito de fazer sua locução.

Agora e o silêncio que ocupa o antigo lugar deixado por Bebé no alto falante da Igreja Matriz, já não ouvimos mais sua voz, apenas nas nossas recordações de quem um dia ouviu mesmo que em um destes avisos, que em algum momento nos trouxe tristezas, mais como toda vida é assim feita de alegria e tristeza colorida.
O sacristão Bebé partiu para o outro lado da vida, deixando o seu antigo espaço vazio e a saudade presente nas nossas recordações de quem um dia ouviu sua voz no alto falante da igreja matriz de Itabaiana, hoje a lembrança deste momento e a única coisa que minha memória pode contar em algumas linhas deste pedaço de minha saudade desta minha Itabaiana amada.

                                                                                Poeta Edriano Silva

Um comentário:

  1. Adriano, valeu a lembrança,

    Bebé, que nós o chamávamos carinhosamente de Bebe Chorão, representou sem duvida nenhuma um marco na historia da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.
    Por mais de 50 anos, esse inesquecível cidadão cuidou com muito amor de quase tudo da igreja, digo quase, porque exceto a ornamentação que ficava a cargo de algumas senhoras , o restante era de sua responsabilidade.A Igreja era sempre aberta e fechada no horário certo, estava sempre limpa e preparada para qualquer cerimônia e os sinos repicavam insistentemente chamando os fieis.
    Eu, como fui um coroinha iludido a querer ser padre, presenciei a maratona de Bebé em seu trabalho até o dia que o digníssimo Padre João Gomes da Costa a quem hoje agradeço ( in- memoriam) e perdôo pelas suas atitudes preconceituosas onde por uma delas fui expulso do pré seminário juntamente com o Felicio , filho do Sr, Aniceto, em razão de nossos pais não serem casados. O Felicio lutou e conseguiu se ordenar.Eu, graças ao Deus de todas religiões, pulei essa fogueira.
    Bebé foi um grande cara em todas as fazes da sua vida. Quando a ele me refiro, lembro-me dele como uma inconsciente criança, porque só falava a verdade e tinha dignidade em suportar as conseqüências , principalmente das beatas e do Pe. João.
    Imagine um pessoa hoje, humilde, caridosa, sem nenhum tipo de preconceito, que tudo faz pelas pessoas, seja rico ou pobre, preta ou branca, senhora ou prostituta. Bebé era muito mais do que essa pessoa de hoje, porque ele já era tudo isso numa época que preconceito tinha o poder da força.
    Sobre a comunicação que ele fazia e dos sinos que repicava quando morria alguém que você recorda na crônica , eu acrescento que muitas vezes o vi repassando os trocados que algumas vezes recebia pelo serviço , aos pedintes que circulavam pela Igreja.
    Encerrando esse comentário, vou relatar um caso que vi da grandeza desse homem corajoso.
    Na década de 1960 era muito forte o preconceito que existia com as mulheres que por força da própria família eram obrigadas a se prostituir no cabaré ( Carretel). A essas mulheres era negado até o direito de pedir o perdão de Deus pelo pecado que eram obrigadas a praticar para sobreviver.
    Pois bem, certo domingo numa missa da manha, um grupo de senhoras ( uma delas o povo dizia que ate botava chifre no marido) , foram até a sacristia pedir para o Padre expulsar três prostitutas que se encontravam no recinto. Diziam elas , que uma se chamava Danda, outra Daminha ,e a terceira não me recordo, O Pe, João que obviamente não teve coragem, incumbiu o Bebé da tafefa.
    Eu ia ajudar o Padre na missa, e ouvi do Bebe a seguinte frase que nunca consegui esquecer.
    “ Vou não Padre João, a missa não é só para rico e para todo mundo, elas tem direito também de rezar” e elas assistiram a missa.
    Assim era o Bebé Chorão.
    Orlando Araujo

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