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"IMPRENSA É OPOSIÇÃO. O RESTO É ARMAZÉM DE SECOS E MOLHADOS". MILLÔR FERNANDES

29 de abril de 2012

Uma outra visão

O que podemos tirar de proveitoso dessa decisão do STF? Parte da nossa sociedade dirá que é um avanço incontestável para o bem e crescimento de nossa nação. Outra parte se indignará com o evidente e confesso ataque aos Princípios da Igualdade e do Isonomia. Nossos "sábios" Ministros do STF têm o dever constitucional de resguardar a constituição pátria julgando as lides e aplicando as normas e interpretações constitucionais invocadas à Corte Suprema de nosso país. Não sou signatário de nenhuma das duas correntes, não vejo avanço na garantia das cotas e também não entendo que tratar algumas situações atípicas de maneira não isonômica venha a ferir qualquer princípio. Porém, o que gostaria de destacar é a forma como foi discutida tal questão. Ficou latente na análise mais atenta dos votos dos Ministros que a paixão por uma causa superou a racionalidade de uma decisão mais técnica e precisa.
O sentimento venceu a razão. Essa decisão abre portas pra outras situações, lembremos que brevemente estar-se-á discutindo, provavelmente na mesma casa, a questão de Belo Monte que por sua vez tem inferência direta na questão indígena e trará a tona a forma que nós "brancos", "pretos" ou de qualquer outra cor olhamos para a polpulação indígena que luta secularmente contra o dito progresso que invade suas terras e piora, na contramão da lógica, a situação de penúria que suas tribos vivem. Será que nossos Ministros lembrarão da dívida histórica que temos com o povo indígena? Fica a pergunta para o futuro! No presente o que vimos foi tratar um mal histórico com um paleativo chamado COTAS. O problema do negro não se traduz na quantidade de afro decendentes que existe em nossas universidades, mas sim na preparação desses que adentram no meio acadêmico sem a mesma qualificação do "branco europeu brasileiro" que desde o maternal teve a seu dispor as melhores instituições de ensino que o capital pode pagar. Quantidade não sobrepõe qualidade. O filhinho-de-papai branco compete desigualmente com o favelado preto isso é certo, mas qual desses, após uma faculdade finalizada, o mercado de trabalho preconceituoso irá contratar e pagar os melhores salários? Mudar a cabeça das pessoas também é essencial. A matriz da questão é sim cultural, uma prova disso é a massificação da imagem do branco como o padrão de beleza. Quantas negras você conhece com cabelos crespos? O alisamento e a tintura, muitas ficam loiras, vieram servir como alto afirmação destas numa sociedade preconceituosa. Portanto, com esses e outros argumentos, creio que a raiz do problema não será exterminada com as cotas apenas estamos podando alguns galhos. Parabéns Brasil. Parabéns Ministros jardineiros do STF! ...
A partir dessa decisão pesquisei a minha genética e descobri que possuo 35% de genes dos negros; 35% de genes dos índios; 5% de genes dos brancos europeus e, finalmente, 25% de genes outros povos que passaram por nosso país nesses últimos séculos. Portanto cheguei a conclusão que posso me declarar, também, NEGRO!
                                                                                                       Edmilson Júnior

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