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"IMPRENSA É OPOSIÇÃO. O RESTO É ARMAZÉM DE SECOS E MOLHADOS". MILLÔR FERNANDES

21 de dezembro de 2011

O dinheiro público e o Vaticano

Prevista para acontecer no Rio de Janeiro em 2013, a Jornada Mundial da Juventude, que deverá ter a presença do papa Bento 16, já provoca polêmica. O motivo: o evento religioso poderá utilizar dinheiro público. Isso se o orçamento para 2012 for aprovado com uma emenda, incluída na Assembleia Legislativa, que prevê a destinação de R$ 5 milhões para a realização da festa católica.
A Jornada Mundial da Juventude foi criada pelo Papa João Paulo II em 1985. Ela acontece a cada 2 anos em alguma cidade determinada pelo Vaticano. No Rio de Janeiro, o palco principal será montado no Aterro do Flamengo, mas  atividades paralelas vão ocorrer em vários pontos da capital fluminense. Além dos  congestionamentos, que devem piorar durante o evento,  uma questão chama a atenção dos cariocas: a Jornada poderá ser financiada com dinheiro que poderia ser investido em hospitais, escolas e outros benefícios à população. A emenda que prevê o uso  de  recursos públicos foi apresentada pela deputada estadual Myrian Rios e foi aprovada pela Assembleia em 28 de novembro passado. A parlamentar faz parte do movimento Renovação Carismática,  ligado à Igreja Católica.
Para a verba ser liberada, agora só falta a sanção do atual governador, Sérgio Cabral Filho, que tem até o próximo dia 22 para aprovar o orçamento  de 2012. Há cerca de 8 mil emendas a serem analisadas pelo Poder Executivo.
Segundo o teólogo Rubens Teixeira, em entrevista ao site “R7” e ao Jornal da  Record, “é um absurdo privilegiar uma religião em detrimento de outras. Todas as vezes que o Estado se envolveu com a religião, no sentido de patrocinar,  foi ruim para o Estado e ruim para a religião. E a religião é algo de foro íntimo”, disse o teólogo. O texto da emenda é claro: são R$ 5 milhões  para a promoção e a divulgação da Jornada. O deputado Edino Fonseca criticou e lembrou que o Estado é laico. A Arquidiocese do Rio de Janeiro explicou que não responde pelo evento, que tem uma organização própria. A assessoria do evento informou  que a emenda foi uma iniciativa da deputada  Myrian Rios que, por sua vez, não quis falar sobre o assunto.

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