Dirigentes do PSB querem adiar para janeiro a quebra da aliança com a presidente Dilma Rousseff por temer que os seis governadores e prefeitos de capitais sofram retaliações da União. Sem repasse de recursos federais, por exemplo, a gestão dos governos estaduais estaria comprometida, assim como as pretensões de reeleição.
O partido está dividido sobre qual seria o melhor momento de entregar os dois ministérios que comanda (Integração Nacional e Secretaria dos Portos) e assumir de vez o posto de oposição para começar a trabalhar abertamente pela candidatura do governador de Pernambuco e presidente do partido, Eduardo Campos, à Presidência.
Quadros expressivos da sigla, como o deputado Júlio Delgado (MG), defendem o rompimento até o início de outubro, um ano antes das eleições de 2014 e prazo final de filiações para aqueles que quiserem participar do pleito. Mas o próprio Campos discorda e vem dizendo aos correligionários que a ideia é adiar o racha o quanto for possível.
A maior preocupação hoje é com Amapá, Paraíba e Piauí, Estados que dependem muito da vontade (e da caneta) política do Palácio do Planalto. Tudo indica que, apesar da divergência, o partido acabará seguindo a posição defendida por Campos.
“Os governadores de todos os Estados vivem hoje em uma situação muito delicada, de extrema dependência do governo federal. É claro que a antecipação do calendário eleitoral pode trazer problemas e retaliações podem acontecer”, afirmou o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF).
O 1.º secretário do partido, Carlos Siqueira, já está convencido de que o rompimento se dará apenas em 2014. “A culpa pelo temor dos governadores é do caráter autoritário do PT de tentar asfixiar seus adversários em potencial”, provoca. “Sou de uma terceira ala, a que acha que o PSB nunca devia ter entrado nessa aliança.”
Siqueira chama de “mito” a ideia de que governador e prefeito precisam do poder federal para serem eleitos. “Como é então que o PSDB, que é da oposição, conseguiu governar durante esses dez anos de PT no poder?”, questiona. “Não há mágica para eleição ou reeleição: basta fazer um bom governo e você será bem avaliado”, defende.
Siqueira enfatiza que o PSB enfrentou o PT em cinco capitais e em Campinas (SP) e venceu. “Eduardo Campos se elegeu assim, contra o PT.” Bom amigo. O PSB tenta emplacar a imagem de que é hoje aliado mais colaborativo do que o “fisiológico PMDB”. Políticos da sigla repetem que Campos não quer surfar na queda da popularidade de Dilma e que só faz “críticas construtivas”.
“Não queremos ser acusados de nos aproveitarmos da crise vivida por Dilma e sermos taxados de oportunistas”, diz o senador Rodrigo Rollemberg. O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, arremata: “Sempre achamos que a aliança prioritária PT-PMDB não corresponde aos sentimentos da sociedade”. Membros do PSB observam que Dilma tem feitos gestos de reaproximação depois da onda de protestos de junho. Porém, avaliam que essa boa vontade não é compartilhada pelos petistas em geral.
Estadão
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